O nosso caminho está povoado por eles… pelos nossos demónios… aqueles que nos atormentam, e que no silêncio e no vazio ganham o espaço como se lhes pertencessemos…
Sussurram as nossas angústias impedindo que as esqueçamos… alimentam-se do que o passado nos trouxe e também do que nos roubou…
Pesam na nossa existência… mas, infelizmente, não como aquele cobertor pesado que no frio do inverno nos faz sentir o aconchego de uns braços que não existem…
E às vezes quase ouvirmos a suas gargalhadas quando conseguem sentir que o ar nos escapa do corpo e são tão poucas as forças que nos restam para ir à superfície ganhar fôlego…
Sendo que de pouco serve os ignorarmos… fingir que não existem não os faz desaparecer… permanecem a caminhar ao nosso lado, esperando apenas uma oportunidade… uma fragilidade…
Quem dera poder me rir com eles… me rir deles…. Rir com eles de mim… E com todas essas gargalhadas encher de ar o vazio que me rodeia e me sufoca…
Quem dera sentir liberdade para respirar… ao invés deste peso que trago em mim…